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A nova era dos negócios. IA deixou de ser apenas ferramenta e passou a ser o centro da estratégia

sexta, 30 de maio de 2025

CACIOPAR

Artigo Econômico

Por: Claudio Antonio Rojo. Administrador, professor do PPGAdm - Programa de Mestrado e Doutorado Profissional em Administração da UNIOESTE, com pós-doutorado em Finanças, na área de mercado de capitais, pela FEA - Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo. Criador do Método Rojo de Simulação de Cenários. Autor de diversos livros nas áreas de negócios. Instagram:  prof.rojo


Vivemos o ponto de virada mais significativo desde o surgimento da Revolução Industrial. O que antes era apenas especulação de ficção científica se tornou realidade operacional. Inteligências artificiais autônomas — treinadas para observar, decidir, executar e aprender sozinhas — estão emergindo como protagonistas no tabuleiro global dos negócios. O que antes era um “recurso tecnológico”, agora assume o papel de parceiro estratégico, redefinindo o próprio conceito de trabalho, produtividade e competitividade. Plataformas como GPTs personalizados, agentes multimodais e sistemas capazes de operar 24h por dia, 7 dias por semana, já estão tomando decisões sobre estoques, contratações, investimentos e atendimento ao cliente com mais acerto que a média humana. E não se trata apenas de eficiência: trata-se de um novo tipo de inteligência que se autoalimenta de dados e contextos. Essa transformação, de natureza silenciosa e descentralizada, está eliminando intermediações humanas onde o erro humano se tornou estatisticamente mais caro do que a omissão dele. A escola tradicional, a advocacia artesanal, o comércio presencial e até a medicina baseada em “experiência clínica” estão sendo desafiados por inteligências treinadas com milhões de casos, protocolos e decisões.

O epicentro dessa revolução é a capacidade de simular cenários, fazer predições e executar ações táticas com velocidade sobre-humana e uma frieza que nenhum CEO humano alcança sem sacrificar sua saúde mental. Enquanto o mundo testa e implementa soluções com agentes autônomos, o Brasil caminha lentamente, ora fascinado, ora temeroso, com o avanço da IA. Grande parte do empresariado ainda trata a inteligência artificial como um “modismo técnico”, algo a ser terceirizado ao setor de TI. Poucos compreenderam que a IA não será uma ferramenta, mas sim o próprio modelo de negócio. Negócios que não se reestruturarem agora com base nessa lógica correm o risco de serem digitalmente dizimados em poucos anos. As micro e pequenas empresas, que sempre se apoiaram na “personalização artesanal”, precisam entender que o novo consumidor é atendido em segundos por IA generativas que sabem mais sobre ele do que ele mesmo. Executivos que ainda gastam horas em reuniões sobre fluxo de caixa ou pesquisa de mercado precisam compreender que esses dados já estão sendo processados por IA autônomas em tempo real — em milhares de dashboards invisíveis, sem equipe, sem chefe, sem vaidade. Imagine uma escola onde o professor humano é opcional. Alunos são acompanhados por sistemas que detectam fadiga cognitiva, perfil emocional, grau de engajamento e pontos fracos antes mesmo do estudante perceber. Imagine agora uma empresa logística operada inteiramente por agentes autônomos: pedidos, rotas, frotas, respostas ao cliente e até estratégias de expansão decididas sem intervenção humana direta. Essas realidades já estão sendo testadas. A próxima fase será a naturalização desses sistemas, e com ela, o colapso de setores inteiros cujas funções operacionais podem ser substituídas por softwares preditivos que aprendem enquanto operam. Não estamos falando de “futurologia”: estamos falando de presente distribuído de forma desigual, onde os atentos prosperam e os distraídos desaparecem. Reflita: a sua função está em risco? A pergunta que precisa ser feita por todos — do estagiário ao CEO — é: "Minha atividade é apenas operacional ou ela agrega inteligência estratégica adaptável?". Se sua função pode ser roteirizada, padronizada ou substituída por um sistema que trabalha sem salário, férias, descanso ou erro emocional, você está em risco. Se sua empresa depende da “experiência acumulada” de poucos profissionais, ela está vulnerável. O diferencial agora não será mais ter “anos de experiência”, mas a capacidade de cocriar com inteligências artificiais, de ser útil em um ecossistema digitalmente híbrido, e de compreender que o valor humano do futuro será medido não pelo esforço, mas pela irrefutável vantagem estratégica de tê-lo na equipe. Os meios de comunicação, antes curadores do mundo, estão sendo ofuscados por inteligências capazes de filtrar, sintetizar e comunicar com precisão e personalização em escala. A confiabilidade que antes residia nos “grandes nomes do jornalismo” hoje é disputada por IA que cruzam fontes, detectam vieses, verificam fatos e entregam o conteúdo pronto ao gosto e tempo de cada usuário. A imprensa tradicional já mostrou que não foi preparada para isso, e, sofre. O mesmo ocorrerá com todas as áreas que subestimarem a velocidade com que os algoritmos assumem o protagonismo, não como ferramenta, mas como modelo mental e operacional de um novo mundo.

Conclusão: Prepare-se para colaborar com a alta performance ou prepare-se para sair

O empresário que deseja prosperar nos próximos anos precisará de mais que coragem ou capital: precisará de inteligência adaptativa. Isso significa repensar não apenas o que sua empresa faz, mas como ela pensa. A IA não veio para competir com os humanos, mas para testar se os humanos ainda são capazes de pensar para além da rotina. E a rotina, esta sim, está em xeque. Em apenas dois anos, profissões que hoje ainda parecem essenciais estarão obsoletas. Atendentes de telemarketing, recepcionistas de consultórios, analistas de suporte técnico, revisores de texto, digitadores, auxiliares de contabilidade, operadores de caixa, corretores de imóveis que não entendem de dados, professores que apenas “passam conteúdo”, repórteres de pauta pronta, e até assistentes administrativos com funções repetitivas — todos esses papéis serão facilmente absorvidos por inteligências artificiais treinadas para entregar mais, com menos erro, e sem custo humano recorrente. A permanência dessas funções será cada vez mais simbólica. Aqueles que ainda se agarram à ideia de “função protegida pela tradição” descobrirão que o mundo dos negócios não tem mais tempo para nostalgia. Até mesmo as áreas que pareciam conceitualmente protegidas — como a arte, seja no desenho, na música ou nas expressões visuais e narrativas — já foram profundamente invadidas por inteligências generativas que criam, adaptam e refinam com base em bilhões de referências. O que era considerado um reduto sagrado da criatividade humana agora se vê espelhado, ampliado e até superado por IAs que entregam obras estéticas em minutos, com precisão estética e sem bloqueios criativos. Da mesma forma, atividades robustas e tradicionalmente escoradas em ciência de alta complexidade, como medicina e engenharia, foram turbinadas por sistemas que processam dados, correlacionam diagnósticos, simulam estruturas, corrigem anomalias e otimizam decisões com velocidade escalável e margem de erro próxima de zero. Em suma, não há mais santuários, pois a inteligência artificial não respeita zonas de conforto, apenas métricas de eficiência, e, estamos vivenciando uma era moderna com incontáveis profissionais que ainda não entenderam o trade-off da própria extinção: aprenda a usar a ferramenta mais poderosa que já existiu, ou saia da frente, antes que seja derrubado do mercado.
         

Fonte: caciopar.org.br

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