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BOLSONARO NÃO É UM CANDIDATO, É UM MOVIMENTO SOCIAL, DIZ ANALISTA

quinta, 18 de outubro de 2018

ACIC

Há muito Jair Bolsonaro deixou de ser um candidato que disputa a presidência da República, ele virou um movimento social. Essa é uma das definições que deu na noite de quarta-feira, na Acic, o analista da XP Investimentos Erich Decat, que esteve em Cascavel para falar sobre o segundo turno das eleições e as perspectivas para o País a partir de 29 de outubro. Erich falou para empresários, autoridades e formadores de opinião, pessoas que procuram saber as mudanças que Bolsonaro, favorito nas eleições de 28 de outubro, imprime na política brasileira.

A eleição de 2018 é diferente de todas as anteriores. As pesquisas, e os números mostraram isso no primeiro turno, não conseguiram acompanhar a onda que transformou a campanha do candidato do PSL em um dos maiores fenômenos eleitorais da história. “A onda foi gigantesca e só uma volta no tempo, a partir de análises detalhadas podem elucidar o que está ocorrendo”, informou Erich. A formação da onda começou em março com forte e consistente crescimento da candidatura de Bolsonaro. Alguns fatores explicam o que ocorreu, ressalta o analista político da XP Investimentos.

Um dos mais importantes veio da resposta que Bolsonaro recebeu da classe C, formada por famílias com renda entre R$ 2 mil e R$ 8,6 mil. Essa faixa corresponde a 50% do eleitorado. No ano de 2006, 70% desses eleitores voltaram em Lula e 66% em 2010. Entretanto, em 2018 51,9% dessa faixa do eleitorado migrou para Bolsonaro, que também se fortaleceu consideravelmente nas classes D e E. “Estive em favelas do Nordeste e é incrível perceber como Bolsonaro é forte por lá, muito mais do que mostram”, afirma Erich Decat, consultor para assuntos políticos de jornais como Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, entre outros.

O movimento social em torno de Bolsonaro se explica também, em boa medida, como voto anti-PT. “Boa parte do eleitorado não suporte mais o PT e, segundo o que eles mesmos dizem, não aceitam mais o que esse partido produziu no País. Por isso, praticamente nenhuma das estratégicas do candidato de Lula, Fernando Haddad, vão funcionar para tirar pontos do postulante do PSL”. Erich analisou também a onda nas redes sociais. Ele afirmou que sim, que elas têm importância, mas não são decisivas, ainda. Se fosse assim, observou, João Amoêdo, do Novo, estaria no segundo turno. E não há, acrescentou, como analisar o WhatsApp, porque nem tudo que se recebe é aberto e considerado.

 

Fenômeno

O fenômeno eleitoral Bolsonaro pode ser medido também pela grande eleição de deputados que o PSL conquistou, chegando à condição, de forma meteórica, a uma das principais forças do Congresso. Sobre não ir aos debates, Erich afirmou que pode até ser um zelo dos médicos, mas é uma estratégia de campanha, como o próprio PT fez com Lula nas eleições de 2006. O PSL tem um forte programa de orientação aos coordenadores, que não se manifestam publicamente. E os contrapontos de programas de governo, buscados por Haddad, não têm surtido praticamente nenhum efeito, conforme Erich.

O analista político informou ainda que a mudança das cores de Haddad e o afastamento de Lula, no segundo turno, não é coisa de marqueteiro. Foi o próprio Lula que decidiu isso, justamente para se descolar da imagem do ex-prefeito de São Paulo, que enfrenta forte resistência em alguns setores do PT. No entanto, Erich informou que, ao contrário do que ocorreu nas eleições de 2016, o Partido dos Trabalhadores renasce em 2018, principalmente pelo fato de ter a maior bancada no Congresso. O grande perdedor da eleição atual é o PSDB, que foi praticamente nocauteado.

O analista falou de governabilidade e do diálogo que Bolsonaro precisará ter como figuras como Renan Calheiros, que deverá ser reconduzido à presidência do Senado. Um dos aspectos que passam a ser observados pelo mercado é o tamanho da base de Bolsonaro e, para isso, serão necessários testes que deverão ocorrer já nos primeiros meses do ano de 2019. Há dúvidas de como será a relação dos militares (nacionalistas) e Paulo Guedes (liberal), anunciado como eventual ministro da Fazenda. Todos querem saber como isso vai funcionar e como Jair Bolsonaro, caso eleito, administrará os desafios que certamente virão.

 

 

Fonte: acicvel.com.br

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