Caciopar
quinta, 29 de junho de 2017
Brasil do futuro - Estado enxuto, reformas e democracia fortalecida são caminhos para avanços
Empresários dos mais diversos setores e entidades organizadas percebem o avanço de uma realidade que não tem volta. Da urgência de todos, além dos atores já envolvidos no debate, de participar, refletir sobre os problemas e apontar soluções possíveis para tirar o Brasil de um longo ciclo de inércia e depreciação de valores éticos e recuo dos indicadores sociais e econômicos. Durante talk show organizado pela Caciopar, em Medianeira no fim de semana, o tema esteve em evidência e focou desafios e oportunidades de mudança.
O diretor-presidente da Frimesa, uma das maiores centrais de cooperativas do Estado, Elias Zydek, propôs uma reflexão profunda sobre o tema cenários político e econômico nacionais. Antes de apresentar propostas para recuperar o País em vários campos, Zydek identificou os principais fundamentos do atual momento de dificuldades. Ele citou três aspectos como os mais determinantes, o desequilíbrio das contas públicas, a questão partidária e representatividade política e posições ligadas à ideologia.
Zydek fez apontamentos principalmente de 2011 para cá, considerando oscilações bruscas em taxas de juros, dólar, IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo) e forte retração do PIB, o Produto Interno Bruto. Considerando esses e outros elementos, destacou, fica mais fácil perceber a redução drástica dos investimentos e o desemprego recorde, com mais de 14 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. “Não poderíamos ter uma receita mais desastrosa. Tanto que essa é considerada a mais aguda crise da história nacional”, disse o diretor-executivo da Frimesa.
O setor público, apesar de todos os sinais e recuos em índices que medem a economia, segue fazendo o que domina melhor, gastar mal, em excesso e com pouca ou nenhuma eficiência. Tanto que a dívida do Estado hoje corresponde a 75% do PIB, ou R$ 5,3 trilhões. “Pior ainda, como é possível que o Congresso, que representa todos os brasileiros, tenha aceitado que o orçamento de 2017 feche com prejuízo bilionário”, questionou ele, para citar que se esse tipo de expediente fosse empregado em uma empresa ela quebraria em pouco tempo.
E não é por estar sem recursos que os entes públicos enfrentam dificuldades. A arrecadação de tributos chegou a bater na casa dos 39% do PIB, ou R$ 2,8 trilhões. “A falta de dinheiro para a saúde, educação e segurança, além da inexistência de políticas de infraestrutura para dar competitividade aos setores produtivos, não tem nada a ver com a arrecadação. Os problemas para o que se vê são outros e muito mais graves. Entre eles estão os sucessivos escândalos de corrupção noticiados diariamente na imprensa”, ilustrou o interlocutor.
O custo dos encargos trabalhistas, o excesso de burocracia, os efeitos da Constituição de 1988, muito mais devota a direitos do que a responsabilidades, também ajudam a compor o panorama de incertezas que se vê hoje, conforme Elias Zydek. Há também forte influência política, e indevida, na formação de alguns preços fundamentais às cadeias motrizes da nação, como dos combustíveis, energia e outros insumos. O fator político também entra com peso na discussão. O elevado número de partidos (39) faz de Brasília um balcão de negócios. De pessoas que, eleitas pelo voto, em vez de defender os interesses do País se movem por motivos na maioria das ocasiões particulares.
O papel de um deputado não é trazer esmolas às suas bases. “Ele foi eleito par bem representar o conjunto social. Para fazer valer as leis e votar pelo que é justo, moderno e imprescindível para desenvolver o País”, conforme Zydek. Operações como a Lava Jato, que lançam luz sobre acordos feitos a sete chaves, são uma esperança de que coisas boas possam estar guardadas para depois desse sério período de turbulência. O mundo mudou, as tecnologias ditam novas regras às empresas e à vida e os políticos brasileiros, apesar de sua enorme resistência, um dia terão de ceder e agir pela ética, trabalho e estadismo.
Nos últimos anos um outro ingrediente grave se somou ao debate nacional, segundo Elias Zydek, Ele se refere ao populismo e à influência da esquerda, que ainda pregam conceitos na contramão do mundo. Há pelo menos um bom indicativo no horizonte, de acordo com o diretor-executivo da Frimesa, que é o enfraquecimento desse regime em vários países sul-americanos. O que ocorreu no Paraguai e na Argentina, que se agrava a cada dia na Venezuela, e que começou a ganhar corpo também no Brasil, oferece provas contundentes e inequívocas de que esse sistema de governo está falido e obsoleto.
Soluções
Há várias possibilidades para, além de consertar questões emergenciais do Brasil, fazer com que ele recupere seu fôlego e cresça a índices expressivos nos próximos anos. Agindo assim, se fortalecerá a produção, serão abertas novas possibilidades de emprego e haverá distribuição da renda mais equilibrada. Elias Zydek citou como indispensáveis ações para reduzir o tamanho do estado e torná-lo mais eficiente e produtivo, reformas sérias e profundas nas áreas política (com a redução do número de partidos), trabalhista, previdenciária e administrativa, adoção do parlamentarismo e valorização dos princípios da democracia.
E os caminhos para isso, perguntou Zydek. Na ótica dele, não há outros senão investir de forma determinada e responsável na educação de qualidade, combater a impunidade e cobrar os responsáveis diretos por promover as mudanças que o País exige. Pede-se ainda a adoção da transparência em todas as esferas e o agir ativamente pela força do voto. Ele disse também que essas transformações têm relação direta com estratégias locais, a partir do trabalho, da produção, da gestão competente, da inovação e do permanente foco no desenvolvimento social e sustentável.
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