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Caciopar

segunda, 23 de outubro de 2017

A pós-modernidade e a tendência do fim da privacidade

Mesmo que fascinantes, ainda é difícil saber com precisão para onde as novas tecnologias e as mídias sociais vão conduzir a humanidade. Mas uma coisa é certeza: é praticamente irreversível, na pós-modernidade, neutralizar a forte tendência do fim da privacidade, disse na palestra master de encerramento do 4º Congresso Caciopar, o filósofo pós-doutor em Epistemologia Luiz Felipe Pondé. Para um público formado por acadêmicos, técnicos de várias áreas e empresários, Pondé falou sobre Ética e suas tensões no mundo contemporâneo.
Para entrar fundo no assunto, o teórico explicou conceitos associados à ética. Para a filosofia, é o desenvolvimento de virtudes, ser corajoso, honesto. Na modernidade, ético é o que produz bem-estar e para empresas que adotam o complaince é defender normas associadas ao que é correto, aceitável e que gere confiança entre seus colaboradores, fornecedores e parceiros. Todavia, no mundo contemporâneo vive-se exposto a certos valores. Uma das principais dicotomias dessa era é tentar unir opostos, como querer ser tranquilo e não ter responsabilidades diante da necessidade de ser capaz e produtivo.
A mentira às vezes é um refúgio para a sobriedade ética. “Até pessoas educadas mentem. Uma mentirinha, daquelas de efeito controlado e danos quase indolores, têm poder de evitar conflitos e desgastes desnecessários. E tem mais, a pessoa que só fala verdades é insuportável”, afirmou Pondé. Na pós-modernidade, as pessoas têm mais autonomia, no entanto estão mais sozinhas, ansiosas e depressivas. Há 70 mil anos, a expectativa de vida era de apenas 30 anos e atualmente, como no Japão, ela se aproxima dos 90. Nos primórdios da civilização, as mulheres eram mães já ao menstruar. Hoje, ao contrário, há adolescentes com 38 anos nas costas. Pondé também citou a tendência ao narcisismo, de pessoas mais consumistas, chatas, exigentes e intolerantes.

Perdas e ganhos
Com o advento das novas mídias e da instantaneidade há mudanças bruscas no jeito como as pessoas conduzem as suas vidas. "Vive-se um momento de perdas e ganhos. Muitos se sentem seguros, diante do sigilo de sua identidade, de se soltar e de livremente expor o que sentem e pensam sobre as coisas que o cercam”. Porém nessa praça virtual, de acordo com o pensador, há forte tendência à intolerância. E esse tipo de comportamento vai se agravar, já que as mídias sociais são incontroláveis. “Estamos vivendo grandes tensões e o desaparecimento da privacidade. Estamos em uma sociedade livre, mas por outro lado jamais fomos tão cercados e tão vigiados. Não há mais como ser invisível. O olho virtual não descansa, está sempre atento e alerta e é implacável”.
No mundo das relações virtuais não há como não deixar marcas, rastros e pegadas. Luiz Felipe Pondé falou também de mudanças já visíveis com a inteligência artificial, da malha de interação entre máquinas e pessoas e das mudanças que ocorrerão em várias carreiras, muitas das quais vão desaparecer. “Estão ensinando o computador a ser igual a você. Esse é um processo que gera resistências, que provoca medo, mas que não se tem mais retorno. As máquinas e suas relações passam a definir o seu perfil e a dirigir fatias cada vez maiores de sua vida. Esses são traços inconfundíveis da pós-modernidade e de suas tensões”, decretou Pondé.



Fonte: Crédito: Assessoria

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