Caciopar
sexta, 06 de outubro de 2017
No futuro, geração de energia da Itaipu será híbrida
A maior hidrelétrica de energia limpa do planeta está com os olhos voltados para o futuro. Atenta às mudanças tecnológicas, ao respeito ao meio ambiente e às exigências crescentes do consumo, a hidrelétrica se prepara para, em algumas décadas, complementar sua produção hidráulica por meio da energia solar. É o que disse o diretor de Coordenação da Binacional, Hélio Gilberto Amaral, durante o 4º Congresso da Caciopar, realizado há poucos dias na Associação Atlética Coopavel, em Cascavel.
A Itaipu, afirmou Amaral, está sempre conectada com a inovação e com o seu papel de responsabilidade na disseminação de conhecimentos e de ações nos campos social e tecnológico ao seu entorno. Um vídeo institucional mostrou capítulos da construção da usina, resultado de parceria entre Brasil e Paraguai. No auge da obra, o número de trabalhadores chegava aos 40 mil. A quantidade de concreto empregada é absurda, suficiente, por exemplo, para construir dezenas de estádios como o Maracanã, ainda hoje um dos maiores do mundo.
Com a formação do reservatório, o volume de água do trecho do rio Paraná entre Guaíra e Foz do Iguaçu aumentou em cinco vezes. O sistema de geração de energia consome 20 bilhões de metros cúbicos de água por dia, maior até que a quantidade que o rio Amazonas despeja diariamente no oceano Atlântico. Amaral explicou sobre fenômenos e circunstâncias que levam à produção das chuvas, e das condicionantes de em alguns períodos chover mais em uma do que em outra região. A produção da Itaipu bate sucessivos recordes. O mais recente foi em 2016, quando mais de 100 milhões de megawatts foram produzidos. Sozinha, ela conseguiria atender todas as necessidades de consumo da Terra por dois dias.
Desafios
O diretor de Coordenação de Itaipu chamou a atenção para a urgência de preservar recursos naturais. Caso todos os mais de sete bilhões de humanos tivessem acesso ao mesmo nível de vida que os norte-americanos então seria preciso contar com cinco planetas iguais à Terra. Se o consumo de todos fosse semelhante ao dos inglês, então seriam necessários três. “Não há como só crescer economicamente, porque os recursos não são suficientes para todos. Assim, o grande desafio dos líderes e da humanidade é encontrar meios para que todos possam viver com certo conforto sem exaurir o único planeta que temos”, observou Hélio Amaral.
E há três caminhos possíveis para enfrentar esse grande dilema: entregar os atuais e novos problemas às próximas gerações, construir novas hidrelétricas sem mexer no meio ambiente, como já ocorre no Canadá, e todos se conscientizarem e praticarem cuidados de crescimento sustentável, reaproveitando ao máximo tudo aquilo que pode retornar às cadeias reversas. “Pensar soluções em tecnologia e compartilhá-las é um dos papéis do PTI (Parque Tecnológico Itaipu, braço de estudos, desenvolvimento e pesquisas da hidrelétrica)”, disse Amaral. A missão da Itaipu é gerar energia limpa e renovável com os melhores índices de desenvolvimento.
O Oeste, ressaltou o diretor, é campeão estadual em municípios com elevados índices de desenvolvimento humano. Cinco dos dez estão na região – Cascavel, Quatro Pontes, Marechal Cândido Rondon, Toledo e Palotina. O enriquecimento está baseado no agronegócio, com a transformação de grãos em proteína animal. Para produzir apenas um quilo de carne suína são necessários 4,5 mil litros de água. “Essa é uma situação que precisa ser considerada para que se encontrem caminhos pela otimização”, ponderou Hélio Amaral. Para obter os surpreendentes volumes de água que precisa para seguir ativa, a Itaipu não poderá, em alguns anos, depender apenas da bacia do rio Paraná. Por isso, já começa a trabalhar para integrar também as bacias do Piquiri e do Ivaí.
Mesmo com todos os cuidados ambientais e de preservação da água, há previsão de que o reservatório de 1.350 quilômetros quadrados da Itaipu enfrente sérios problemas de assoreamento em cerca de 130 anos. Por isso, afirma Amaral, o fornecimento seguirá mas então deverá ser compartilhado com a tecnologia solar. A área verde atualmente de preservação, grande parte disso no Paraguai, chega a cem mil hectares. Ele também fez comparativos de Itaipu e Três Gargantas, na China, e afirmou que, apesar de ser maior, a chinesa não vai superar a produção da brasileira. Lá, há outros aspectos que levaram à construção da hidrelétrica, como servir de contenção para grandes enchentes. Somente em royalties, compensações por áreas alagadas, a Itaipu já pagou US$ 9,5 bilhões, ou mais de R$ 30 bilhões, desde que passou a gerar energia.
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