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Caciopar

quinta, 19 de outubro de 2017

Se a Constituição seguir como está, Brasil quebra

Essa é a opinião do ex-prefeito de Maringá e ex-secretário de Estado do Planejamento, Sílvio Barros, e foi apresentada em encontro com cerca de 300 empresários

O que a postura de um parlamentar ou a decisão política tomada em qualquer das esferas de poder de um regime democrático tem a ver com a sua comunidade? Esse foi um dos questionamentos apresentados pelo ex-prefeito de Maringá e ex-secretário de Estado do Planejamento, Sílvio Barros, durante o recente 4º Congresso da Caciopar, na Associação Atlética Coopavel, em Cascavel. Diante de cerca de 300 empresários e líderes de setores organizados, Sílvio deu a resposta de uma forma curta, clara e objetiva: tudo. “Qualquer mudança, principalmente aquelas que afetem o andamento da economia, serão amplamente sentidas em todos os cantos de um País”, afirmou ele.

O ex-prefeito iniciou sua exposição mostrando duas imagens aos presentes, as capas de duas edições, com intervalo de cerca de três anos, publicadas pela The Economist, uma das mais lidas e conceituadas revistas empresariais do mundo. As duas trazem o Cristo Redentor, um dos símbolos nacionais, porém em situações antagônicas. Na primeira, em alusão à boa fase da economia brasileira, o título dizia que o País estava decolando. E na outra, com uma estátua cambaleante em direção ao solo, a publicação falava em colapso. E o que esses cenários tão distintos, conforme Sílvio Barros, têm em comum com a política? Tudo, ressaltou, porque as decisões políticas são importantes e também devido ao fato de não existir democracia sem autoridade política.

A democracia é, por natureza da definição, o poder que emana do povo, mas ele está descontente com os seus líderes, conforme indicam pesquisas recentes. Para a população, político é desonesto, mentiroso, insensível e incompetente. Todavia, alertou Sílvio, não dá para generalizar. “Até porque reclamar de político é fácil, difícil é entender e exercitar a democracia, na qual todos têm deveres e responsabilidades com o Estado”. Um dos problemas nacionais derivam da Constituição de 1988, que garante 74 direitos e uns poucos deveres. “Da forma descuidada como foi construída, essa Carta Magna simplesmente não se sustenta e, se seguir sem mudanças, condenará o Estado à falência”, ressalta o ex-prefeito. Com tantos excessos, ineficiência, desperdícios e corrupção, o Estado no Brasil está condenado a quebrar, diz ele.

Da receita pública dos entes públicos, a metade está comprometida com salários e encargos e o restante cobre despesas de custeio da máquina, que são sempre crescentes, além de precatórios, serviços da dívida, Pasep e repasses. Se sobrar, e raramente sobra, então se priorizam investimentos. “Isso ajuda a explicar porque o País aparece tão mal em alguns indicadores de competitividade”, conforme o ex-prefeito de Maringá. Um estudo recente da Firjan, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, traz informações preocupantes. Uma delas revela que 83% dos municípios brasileiros não se sustentam e 800 deles já extrapolaram e muito seus gastos com pessoal. E ainda há os sintomas severos da incompetência e da corrupção. Mas o que nos prejudica mais, perguntou Sílvio Barros.

Na opinião dele, esses dois problemas são crônicos e precisam ser conjuntamente enfrentados. Uma das primeiras providências é trocar o que há muito mostra que não dá certo por pessoas com competência comprovada. “E temos muitos líderes já testados, principalmente em entidades empresariais. Essas pessoas, pelo bem do seu País, precisam começar a pensar e a praticar também a política partidária”. Um dado mostra o atraso de investimentos em infraestrutura e tecnologia no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos há uma antena de celular para cada grupo de 300 pessoas, aqui há alguns lugares com apenas uma para até sete mil habitantes.

O custo Brasil é de 40% do PIB (Produto Interno Bruto), um dos mais elevados do mundo. E enquanto os tão cobrados e esperados ajustes pela eficiência, coesão e probidade não aparecem, as empresas precisam empregar novas ferramentas para superar o aperto cada vez maior nas contas. E as tecnologias podem contribuir, segundo Sílvio. Novos produtos e equipamentos reduzem gastos e evitam prejuízos, a exemplo do que farão em um futuro próximo os drones já em desenvolvimento para a agricultura. Com o tempo, a tendência é de substituição de tratores e outras máquinas pesadas. Os drones vão ser empregados também em mapeamentos urbanos, para a elaboração do Plano Diretor, por exemplo. Três prefeituras paranaenses já utilizam esse recurso, com redução substancial de custos.

A tecnologia, o aperfeiçoamento profissional, a desburocratização, os investimentos em infraestrutura, bem como as mudanças no comportamento cidadão de todos, são as respostas que o País tanto almeja e precisa colocar em prática para construir capítulos prósperos de sua história. Os gestores e a sociedade devem estar atentos também à mudança demográfica que já toma conta de vários países, principalmente devido à redução no número de nascimentos e ao aumento da expectativa de vida. Será que, no futuro, precisaremos de tantas creches e escolas? Como os recursos eletrônicos poderão responder ao aumento da eficiência, à racionalização de gastos e ao acréscimo de investimentos em áreas e programas que realmente interessam? Essas são perguntas que, todos nós, precisamos fazer e logo, afirmou Sílvio Barros, que citou então o pensador Peter Drucker: “A melhor maneira de prever o futuro é criando-o”.


Fonte: Crédito: Assessoria

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