Michel Temer assume diante de uma janela de oportunidade que deve ser aproveitada para que o país seja colocado em ordem. O maior desafio será recuperar a economia, que registrou no trimestre passado a nona queda seguida, de 0,6%, e uma alta taxa de desemprego, que atinge 12 milhões de pessoas.
Temer sinalizou que deve aprovar um dispositivo constitucional que fixa teto para os gastos públicos e que pretende promover reformas da Previdência e da CLT. A expectativa em torno das propostas é positiva, porém está na hora de ações práticas e de implantação de políticas. Um ajuste econômico concreto, que passaria também pelo corte de privilégios políticos e redução do número de cargos comissionados. Atitudes que recuperariam a confiança do setor produtivo, que aguarda por medidas de crescimento, e convenceria os brasileiros incertos quanto à possibilidade de o país voltar aos trilhos.
O exemplo da Índia é um grande aprendizado sobre o que pode ser feito com uma economia emergente minimamente organizada e reforça a certeza de que o futuro do Brasil é promissor. A Índia cresceu, no último trimestre, 7%. Índice próximo ao que o nosso país já registrava antes da crise.
Além disso, há a agenda de concessões de portos e aeroportos, que deve movimentar a economia brasileira, e o dólar que, no patamar em que está, torna o Brasil atrativo para investidores internacionais. Para quem é de fora, manter empresas por aqui está mais barato.
A receita da retomada econômica é formada por dois ingredientes básicos: oportunidades e previsibilidade. Oportunidades nunca faltaram ao Brasil, principalmente se fizermos comparações com outros continentes – a Europa, por exemplo, registra juros negativos, um empecilho para investimentos. Carecíamos de previsibilidade, o que, tudo indica, teremos nos próximos dois anos. Talvez não para uma recuperação completa, mas certamente para uma retomada econômica significativa.
Outro desafio do governo Temer é costurar apoio no Congresso. Neste momento, um esforço de união é necessário para que a janela de oportunidade seja bem aproveitada. Afinal, rachas podem tornar improdutivo o combate aos problemas que afligem o país.
Um conjunto de ações está em curso. E o prazo é enxuto: 850 dias. Por isso, o novo governo precisa mostrar rapidamente a que veio. Não basta manifestar desejo de acertar.
Fonte: www.faciap.org.br