Jamais na história da civilização a necessidade de produzir cada vez mais e com qualidade foi tão importante quanto agora. A cadeia do agronegócio se prepara já há alguns anos para dar conta da demanda que, em poucas décadas, nove bilhões de pessoas exercerão por alimentos em todos os cantos do mundo. De olho nisso, as grandes empresas do setor de pesquisa e de novas tecnologias destinam de 10% a 15% do seu faturamento anual ao desenvolvimento de novidades. São essas inovações que fazem do Show Rural Coopavel um fenômeno, uma universidade a céu aberto que se reinventa a cada ano.
A edição mais recente do evento, realizada de 3 a 7 de fevereiro, recebeu 210.144 visitantes e movimentou R$ 1,8 bilhão. "São números que mostram a força e o estágio já alcançado pelo agronegócio, uma das principais alavancas econômicas do Brasil", diz o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, que participou da reunião empresarial da Acic, na noite de quinta-feira, para fazer um balanço do 26º Show Rural. Um número dá a dimensão do aprimoramento que a pesquisa promove no campo. O crescimento em produtividade das principais commodities brasileiras em 23 anos foi de 235%, enquanto que, no mesmo período, a área plantada foi ampliada em apenas 45%.
A expansão dos números é resultado de novas tecnologias, do empreendedorismo das empresas e dos agricultores e também do respeito ao meio ambiente, já que nenhuma árvore da Amazônia precisou ser derrubada para que esse crescimento fosse registrado, segundo Dilvo Grolli. "O desafio é produzir mais, com qualidade superior e no mesmo espaço". O presidente da Coopavel ilustrou essa dinâmica com um dos exemplos mostrados no Show Rural. Cultivares já permitem a germinação e o desenvolvimento uniforme de vagens de soja, em vez de três, com quatro grãos cada. Quando 50% da área cultivada com a oleaginosa no País contar com essa tecnologia haverá salto de 12,5% na produtividade.
Evolução
Como todo projeto que se revela grande com o tempo e com o amadurecimento que o fazer permite, o Show Rural começou de forma modesta, no ano de 1989. A primeira edição reuniu apenas 15 empresas e recebeu 110 visitantes. Em 1995, eram 64 expositores e dez mil agricultores em busca das novidades apresentadas. Já em 2010, eram 342 empresas e 180,7 mil visitantes. De um evento regional, o projeto se transformou no maior do Brasil e em um dos mais importantes do mundo em difusão de novas tecnologias e conhecimentos ao agronegócio.
Uma nota divulgada pelo Banco do Brasil evidencia a importância que também as instituições financeiras dão ao agronegócio e ao Show Rural. O incremento do BB na recente edição foi de 7% em negócios protocolados e de 30% no volume de propostas, alcançando R$ 697 milhões em prospecções. Os agricultores paranaenses lideram o ranking de negócios com aporte do Banco do Brasil. Eles foram responsáveis pelo movimento de R$ 500 milhões (72% do total), seguidos pelos produtores do Mato Grosso, com R$ 80 milhões (11%), e pelos do Mato Grosso do Sul, com R$ 46 milhões (6,5%).
Reflexos
Os efeitos do Show Rural se disseminam em ondas. Os números gigantes são divididos também com outros setores da economia de Cascavel e da região. A previsão, caso cada um dos visitantes gaste o equivalente a R$ 200 por dia, é de injeção, apenas em cinco dias, de R$ 40 milhões. O evento tem outra característica singular. Ele se transforma em um ponto de encontro de autoridades do agronegócio e de líderes da política nacional. Ministros, senadores e deputados têm a oportunidade, ao visitar o CT Coopavel, de conhecer mais sobre a força e a pujança do agronegócio brasileiro.
A área que abriga o Show Rural é cuidadosamente preparada. A infraestrutura avançou ao longo dos anos. São sete mil vagas de estacionamento, as ruas internas são calçadas e cobertas, há banheiros higienizados e dezenas de pontos com bebedouros, além de áreas de descanso e um restaurante que, em cinco dias, serve 90 mil refeições. "A estrutura que lá mantemos é similar à de uma cidade com 50 mil habitantes", conforme Dilvo Grolli. Somente da Coopavel, são 800 pessoas encarregadas das mais diversas funções, mas o número total dos que lá trabalham se aproxima de quatro mil.
O Show Rural, segundo Dilvo, é um espelho da excelência que se busca para a Coopavel, uma das maiores cooperativas agrícolas do País. Nos últimos anos, ela investiu R$ 255 milhões e projeta mais R$ 400 milhões ao próximo quadriênio. Em 2014, serão R$ 100 milhões em novas obras e estruturas. Desses, R$ 50 milhões a Cascavel. O valor anualmente destinado a treinamentos aos colaboradores é de R$ 1,5 milhão. Além de mostrar os avanços de um setor imprescindível, o Show Rural também é uma fonte de oportunidades de contínua reciclagem e de aperfeiçoamento à cooperativa, e a 27ª edição já está marcada, será de 2 a 6 de fevereiro de 2015.
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