As metodologias que impulsionam bons resultados sociais e econômicos em Maringá e em Foz do Iguaçu lançam luz sobre a intenção de entidades organizadas de Cascavel de contribuir com o processo de desenvolvimento de médio e longo prazo do município. Dentro do Projeto Cascavel 2030, sob liderança do Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), empresários, engenheiros, arquitetos e diretores de entidades ouviram diretores do Codem, de Maringá, e do Codefoz, de Foz do Iguaçu, na noite de quinta-feira, na Acic.
A finalidade da busca de informações é simplesmente de colaborar e de oferecer sugestões que possam melhorar ainda mais o que já existe aqui, informou o coordenador da área de Urbanismo e Meio Ambiente do Cascavel 2030, o engenheiro Fernando Dillenburg. O vice-presidente da Acim, Associação Comercial e Industrial e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá, José Carlos Valêncio, informou sobre as atribuições do órgão, desafios e resultados alcançados em 20 anos de atuação. O Codem inspirou a criação, em 2012, do Codefoz.
Necessidade
Mesmo ostentando índices de crescimento durante décadas acima da grande maioria dos municípios do Paraná, Maringá enfrentou sérias dificuldades na metade da década de 1990. O cenário era de estagnação, por isso, conforme Valêncio, o Codem surgiu de uma necessidade. “Precisávamos encontrar uma fórmula que pudesse, de alguma maneira, contribuir com a retomada da expansão dos indicadores locais. E a resposta à nossa busca foi a constituição de um organismo apartidário e que fosse a soma das entidades organizadas locais”.
A grande questão do processo continua a mesma: Como queremos entregar a cidade às gerações futuras? A escolha foi por trabalhar de forma dedicada e voluntária para buscar melhores condições de crescimento nos mais variados campos, tanto de infraestrutura como também de combate a desmandos políticos e corrupção. O primeiro estudo técnico elaborado foi o Maringá 2020, um plano acima de plataformas políticas ou da vontade de grupos, isoladamente. “Todos são indispensáveis no processo, inclusive o poder público, porque a metas de todos passou a ser trabalhar por avanços gerais ao município”, conforme Valêncio.
Uma das motivações do projeto é a gestão continuada de ações estratégicas e macros para o município, sem qualquer resquício de vaidade. “Para nós não importa quem fez. Todos fazemos, e o fundamental é que o que foi planejado saia do papel”. O Codem nasceu em um ambiente, que apesar das dificuldades pontuais, já era privilegiado. Maringá é um polo de ensino superior, hoje com mais de 50 mil acadêmicos, e onde cada habitante conta com 26 metros quadrados de área verde. Vários dos projetos priorizados pelo Conselho já saíram do papel, como a Lei de Incentivo aos Parques Industriais, articulações para a criação da região metropolitana, projeto de integração urbana e a instalação de incubadoras.
Hoje, o projeto do Codem já é o Maringá 2047 que, entre outros projetos de ação, tem a implantação de um parque tecnológico e uma nova linha férrea, de mais de 130 quilômetros já chamada de Trem pé vermelho. De passageiros, circulará entre Ibiporã e Paissandu. “Um dos critérios metodológicos do programa é trabalhar com câmaras técnicas, que duram exatamente o tempo demandado para a solução de um impasse ou para a realização de um determinado objetivo”, conforme Valêncio. Com 4,7 mil associados, a Acim é a maior das associações comerciais do interior do Paraná e lá nasceu, além do Sicoob, o Observatório Social, projeto hoje em vigor com êxito em 80 municípios brasileiros.
Codefoz
O Conselho de Desenvolvimento Econômico de Foz do Iguaçu resultou da percepção da mudança de foco na consolidação de projetos e ações considerados estratégicos por líderes da região de fronteira. “Embora criado há apenas dois anos, os avanços são visíveis. Hoje somos ouvidos e respeitados”, informa o presidente Danilo Vendrúsculo. Os empresários, ao participarem de um projeto como esse têm muito a ganhar, conforme ele. “Aprendi a gostar ainda mais do meu município, de estar muito melhor informado sobre suas carências e principalmente sobre suas potencialidades”.
O diretor executivo do Codefoz, Dimas Bragagnolo, informou que o Conselho é deliberativo e está ligado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. A missão é contribuir para o crescimento sustentável do município. Depois da constituição, um dos primeiros projetos foi um censo para conhecer melhor a realidade econômica local. Uma das informações é que 54% dos recursos saem de duas cadeias propulsivas, a do turismo e a de logística, seguidas pelas áreas da saúde e da educação. “Com isso, identificamos que Foz é uma cidade prestadora de serviços”.
Com informações detalhadas em mãos, foram criadas câmaras técnicas – hoje elas são 14 – para debater assuntos segundo as competências profissionais dos voluntários, que já são mais de 250. A metodologia empregada nas câmaras é a do Empreender, que dá suporte aos núcleos setoriais e multissetoriais nas associações comerciais. Uma das mudanças estratégicas foi reduzir a pauta de reivindicações das entidades de 18 para apenas uma, juntamente a criação do Codefoz que, de forma gratuita e com o suporte de toda a sociedade, passou a pensar o futuro do município.
As cinco ações centrais do Conselho Econômico de Foz do Iguaçu são: discussão do PPA (Plano Plurianual), que permitiu a inclusão de 24 solicitações do Codefoz, elaboração de um censo econômico, desenvolvimento do projeto Beira Foz – de revitalização das margens do rio Paraná e da Ponte da Amizade, revisão do Plano Diretor Municipal e o projeto Fórum Foz 2040. O Conselho é suprapartidário é um dos focos centrais é trabalhar por avanços que possam contemplar toda a comunidade, segundo o presidente Danilo Vendrúsculo.
O presidente da Acic, José Torres Sobrinho, entende o planejamento como uma urgência para a construção de cidades, estados e de um País ainda melhor. “O envolvimento da sociedade organizada, por pagar a conta por meio dos impostos, é uma peça fundamental em todo esse processo. A participação dela, sugerindo, cobrando e fiscalizando, é uma necessidade para mudanças estruturais importantes nas mais diversas áreas. Por isso, ações como o Cascavel 2030 são tão decisivas e relevantes”, ressalta Torres.
Fonte: Crédito: Fábio Conterno