Não fosse o elevado desempenho do agronegócio e a sua decisiva participação na balança comercial brasileira, a economia nacional estaria em uma séria crise. A afirmação é do presidente da Coopavel e vice da Acic para Assuntos do Agronegócio, Dilvo Grolli. Dilvo fez uma análise da atualidade das principais commodities em encontro empresarial da associação comercial na noite de quinta-feira.
O presidente da Coopavel emprega números para justificar a sua afirmação. Em 2013, a participação do agronegócio na balança comercial brasileira chegou a US$ 99,9 bilhões, com saldo de US$ 83,9 bilhões. Diante de tudo o que o País importou, o saldo foi de US$ 2,5 bilhões. Nos últimos seis anos, o agronegócio representou, à balança nacional, US$ 370 bilhões. "Sem esse desempenho surpreendente, o Brasil estaria em sérias dificuldades", afirma Dilvo.
Além de sua força na balança comercial, o agronegócio ainda responde por 30% dos empregos e por 27% de todo o dinheiro circulante na economia nacional. Em 2010, a produção chegou a 149 milhões de toneladas de grãos e será de 193 milhões em 2014. Em um período de 23 anos, a produtividade avançou em 234% e a área plantada cresceu apenas 49%. Doze estados respondem por 97% de tudo o que é colhido e apenas seis, entre eles o Paraná, somam 70% - ou seja, 78 milhões de toneladas.
O Mato Grosso, com 10% do território brasileiro, é o maior produtor de grãos do País, com 47 milhões de toneladas. Mas o Paraná, com apenas 2,34% da área nacional, responde por 35,3 milhões de toneladas. "Dos 12 maiores produtores nacionais, somos o que tem a menor extensão territorial, mas nos superamos em produtividade", conforme Dilvo Grolli. Por isso, prossegue ele, eventos como o Show Rural, com foco na forte disseminação de novidades, tecnologias e tendências ao setor, são tão importantes.
Evolução
A média de produtividade da soja no Paraná, de três mil quilos por hectare, vai crescer muito nos próximos anos. Uma das recentes tecnologias apresentadas no Show Rural já permite elevá-la em 30%. A do milho é de nove mil quilos por hectare, mas já existem cultivares que podem levar o resultado para 15 mil. Por isso, o agronegócio é tão fascinante e tão decisivo à economia nacional, ressalta Dilvo.
O presidente da Coopavel repassou números gerais do milho, que colhe 74 milhões de toneladas e consome 54 milhões. "Por isso hoje, o único caminho ao excedente é a exportação". No entanto, observa ele, é necessário buscar outros caminhos. Um deles é empregar o que sobra dessa produção ao combustível, a exemplo do que fazem os Estados Unidos. O pré-sal já se mostra um projeto caro demais. Com o biocombustível a partir do milho, o Brasil fortaleceria ainda mais essa commoditie.
O Paraná é um caso à parte. Produz 15 milhões de toneladas, mas consome 11 milhões de toneladas de milho. Setenta por cento disso é transformado em ração e dá fôlego à avicultura. O Brasil é um dos maiores exportadores de frangos do mundo. O Paraná responde por 31% dos abates nacionais e o Oeste por 30% da do Estado, com dois milhões de cabeças/dia apenas na região próxima a Cascavel. Enquanto exportar uma tonelada de milho rende US$ 220, da de soja US$ 460, a do frango representa US$ 1 mil.
Porém, os desafios logísticos, por falta de investimentos e de prioridade da União, representam perdas de R$ 110 milhões por ano ao Oeste e de R$ 2 bilhões ao País, lamentou Dilvo. Ele também citou o cenário do trigo, com consumo interno de 12 milhões de toneladas por ano e produção de apenas 60% disso. Diante do elevado valor agregado que oferece, essa é uma cultura que deveria ser vista com maior carinho, de acordo com ele.
A previsão para o Brasil em 2020 é que chegue a 260 milhões de toneladas produzidas e para exportar com mais rentabilidade será fundamental contar com infraestrutura e logística muito melhores às atuais. Os Estados Unidos transportam 84% de sua produção por hidrovias, a um custo de US$ 20 por tonelada a cada mil quilômetros percorridos. Já aqui, grande parte segue por rodovias com valor quase quatro vezes maior do que pela matriz empregada pelos norte-americanos.
Fonte: Crédito: Fábio Conterno