A Caciopar acompanha com preocupação as recentes novidades anunciadas pelo governo estadual principalmente na área do ensino público. A coordenadoria, que representa 48 associações comerciais do Oeste, entende que a mudança é necessária, mas que ela precisa ocorrer em favor do processo de aprimoramento dos setores públicos, e principalmente da educação.
A preocupação se manifesta diante das notícias veiculadas pelos jornais e com base em relatos de profissionais que há anos atuam em colégios da rede estadual de ensino. As principais observações residem na eliminação de turmas, de turnos e também do inchaço das turmas que restarão.
Há relatos de diretores de que algumas turmas, diante das mudanças anunciadas pelo Estado, chegarão a ter 65, 70 alunos. O aumento nesse número traz sérias preocupações a pais, a professores e à comunidade acadêmica, que emprega como um dos argumentos contrários à novidade a queda na qualidade do processo de ensino-aprendizagem.
Ao longo de muitos anos o que se viu nas escolas da rede pública de ensino foi a redução do número de alunos por turma, comprovadamente em função do ganho de qualidade que a medida traz e da forte carga de trabalho e psicológica que turmas maiores exercem nos professores.
A eliminação de turmas e de turnos trará outra consequência, que é criar dificuldades para a presença de parte dos alunos em sala de aula. Há relatos de pais, inclusive, que temem perder os filhos para a rua e para a criminalidade se não puderem mais frequentar a escola com regularidade. Sem turmas à noite, por exemplo, alguns terão de optar entre trabalhar e estudar e, no caso das famílias mais humildades, a opção não é difícil de ser conhecida.
Há ainda o problema que a mudança provocará no cotidiano dos professores, reconhecidamente uma das classes mais exigidas e menos valorizadas da atualidade brasileira. As grandes nações, prósperas, justas e equilibradas, têm o professor como a base do processo das verdadeiras transformações. Hoje, essa já é uma das atividades profissionais com o maior número de desligamentos, de pedidos de licença e em que há relatos de pouco interesse em exercê-la entre as gerações de novos profissionais.
Com turmas grandes, de 50, 60 e 70 alunos, ficará muito difícil para o professor repassar adequadamente os conteúdos. É preciso considerar também que, em função das mudanças dos últimos anos, o professor teve a sua autoridade em sala de aula anulada pela ação dos pais, da sociedade e da imprensa. Então, nada mais coerente do que questionar: como um professor, sem o mínimo de respaldo, conseguirá silenciar uma turma de 70 alunos e ainda fazer com que, sem os recursos pedagógicos necessários, fazer com que jovens e adolescentes se interessem pelos conteúdos?
Na vida, às vezes é sábio retroceder dois passos quando um deles, para a frente, foi dado de forma duvidosa. Diante do exposto e das preocupações que essas mudanças todas geram, será um ato de grandeza por parte do governo estadual de reconsiderar algumas novidades que, devidamente reanalisadas, poderão conduzir a termos adequados e que com o devido apoio de todos que formam esse belo e progressista estado do Paraná. Obrigado.
Caciopar
Fonte: