Indústrias do Paraná mostram que a inclusão de migrantes é caminho para o desenvolvimento

quarta, 27 de agosto de 2025

Embaixada Solidária - Toledo

O Oeste do Estado se torna referência nacional na integração de trabalhadores migrantes e refugiados.

O Oeste do Paraná vive uma transformação silenciosa, mas de grande impacto para o futuro do trabalho no Brasil. A chegada de milhares de migrantes e refugiados à região abriu uma janela de oportunidades para empresas e indústrias que souberam enxergar, antes de muitos, a riqueza da diversidade.

Indústrias que acolhem e prosperam
Do setor têxtil ao agroindustrial, passando pelas cooperativas e frigoríficos, as indústrias paranaenses encontraram nos migrantes não apenas força de trabalho, mas aliados comprometidos com a prosperidade coletiva. Hoje, mais de 30 mil migrantes já atuam em indústrias e cooperativas do Paraná, consolidando o Estado como modelo de inclusão produtiva.
Essa mobilização tem sido apoiada por entidades de classe, como a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), que atua na promoção da diversidade e da empregabilidade. Iniciativas como o Programa Indústria Acolhedora estimulam empresas a adotar boas práticas de contratação e integração, garantindo respaldo técnico e visibilidade a quem aposta na inclusão.
A experiência do Paraná já serve como referência para o país: com políticas de contratação seguras, programas de qualificação e acolhimento cultural, o setor produtivo da região prova que é possível unir competitividade com responsabilidade social. Empresas que investiram nesse caminho colhem resultados claros: equipes mais estáveis, baixa rotatividade, produtividade crescente e fortalecimento da imagem institucional.

Segurança e respaldo para o empregador
Contratar migrantes é um processo regulado pela legislação brasileira, garantindo ao empregador total segurança jurídica. Trabalhadores com documentação regular têm os mesmos direitos e deveres que qualquer outro contratado. Ao abrir as portas para essa população, as empresas não apenas cumprem seu papel social, mas também encontram profissionais motivados e dispostos a construir futuro no país que os acolheu.
Integração cultural como diferencial
Um dos grandes aprendizados do Oeste do Paraná é que a diversidade cultural não é barreira, mas vantagem competitiva. Muitas empresas já oferecem aulas de português, rodas de conversa e programas de adaptação cultural. O resultado é um ambiente de trabalho mais coeso, com equipes que aprendem mutuamente e descobrem novos olhares para desafios cotidianos.
Essa convivência também fortalece a região, que se transforma em espaço de encontro entre culturas, gerando inovação, novos negócios e um ambiente social mais equilibrado.

Uma história que simboliza muitas
A jovem haitiana Iscardely Nicolas é um exemplo desse movimento. Ao chegar em Toledo, enfrentou as dificuldades da adaptação, mas encontrou na indústria paranaense a chance de reconstruir sua vida. Hoje, faz parte de uma empresa em que 34% dos colaboradores são migrantes e refugiados, um dado que revela como a inclusão já é realidade no setor produtivo do Paraná. Para ela, o trabalho trouxe dignidade, aprendizado e acolhimento, mostrando que inclusão é mais do que oportunidade: é transformação.

Modelo para o Brasil
Ao valorizar o potencial humano dos migrantes, o Paraná dá exemplo de como unir desenvolvimento econômico, inclusão social e respeito à dignidade. Famílias que antes chegavam em situação de vulnerabilidade hoje movimentam a economia local, alugam imóveis, consomem no comércio, frequentam escolas e contribuem para o crescimento de toda a comunidade.
Mais do que preencher vagas de trabalho, as indústrias do Estado mostram que apostar na inclusão é apostar no futuro. O Oeste paranaense já se consolidou como um laboratório de sucesso que inspira outras regiões do Brasil a seguir pelo mesmo caminho.

Edna Nunes – jornalista especializada em migração e refúgio e fundadora da Embaixada Solidária, OSC que já atendeu mais de 30 mil refugiados no Paraná.