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Jornal O Paraná

segunda, 15 de setembro de 2014

FRACKING - Cidade aprova lei que proíbe licença à exploração de gás

Nova Santa Rosa é segundo município de região a usar mecanismo para tentar barrar a técnica da fratura de rocha.

Nova Santa Rosa – O exemplo de Foz do Iguaçu, que busca na lei um caminho para evitar possíveis danos com o fracking, já inspira outros líderes políticos da região. Projeto de autoria de Amauri Ladwig (PSDB) acaba de ser aprovado por unanimidade pelos vereadores de Nova Santa Rosa e agora segue para sanção do prefeito Rodrigo Fernandes (PP). A matéria proíbe a concessão de alvará ou licença para a utilização de solos no território do município com a finalidade de empregar a técnica de fratura de rocha para exploração do gás de xisto.
Foz do Iguaçu foi um dos primeiros municípios do País a elaborar, aprovar e sancionar lei municipal que impede o fracking. Ela leva o número 4265 e foi sancionada pelo prefeito Reni Pereira (PSB) em 5 de agosto de 2014. O artigo primeiro determina: Fica proibida a exploração do gás de xisto no município de Foz do Iguaçu pelo método da fratura hidráulica - fracking. A tentativa de empregar uma lei em âmbito municipal para impedir a disseminação da técnica é incentivada pela Caciopar, a Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná.
Na defesa de seu projeto, Amauri citou informações colhidas em estudos que apontam os riscos que o fracking representa à saúde e ao meio ambiente. “Se alguns países importantes (a exemplo da França) já impediram a técnica e outros (como Alemanha e Estados Unidos) têm ressalvas é porque o método não é o mais adequado”. Além de sérios perigos e danos ambientais, a fratura da rocha no subsolo ainda pode expor as pessoas aos mais diversos perigos, inclusive ao contato com elementos radioativos.


Contaminação

O engenheiro químico Carlinhos Fornari participou de recente encontro com empresários e deu detalhes do procedimento. A extração consiste na perfuração de poço e na utilização de água e de um coquetel com mais de 900 substâncias químicas para liberar o gás de xisto aprisionado na rocha. Cada fratura, e cada poço comporta até 18 delas, exige uma quantidade absurda de água, 20 milhões de litros. Apenas de 30% a 50% dos efluentes da operação retornam à superfície. Como não há tratamento a esses dejetos, eles costumam a ser acomodados em imensas piscinas a céu aberto.
O material que retorna, além do que permanece no subsolo, contamina a água. O procedimento costuma liberar vários materiais químicos aprisionados nas rochas, inclusive radioativos.
Nos Estados Unidos, já há ações na justiça movidas por pessoas que dizem ter ficado doentes em função da influência desses efluentes. “Vale a pena colocar em risco um setor que gera R$ 15 bilhões anuais, o agronegócio, para contar com uma fonte de energia que ainda não precisamos”, questiona o engenheiro florestal André Angonese, que recentemente participou de debate sobre o tema promovido pela Caciopar, em Ouro Verde.


• Jean Paterno
Fonte: http://www.novasantarosa.pr.gov.br/camara.php?fotos=1

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